sexta-feira, 22 de novembro de 2013

VALLEGRANDE - BOLÍVIA

Museo del Che
O percurso para Vallegrande dura seis horas e custa 35 bolivianos a passagem. Acredito que seja melhor viajar à noite e aproveitar para dormir, mas a vantagem do dia é que dá para curtir mais a paisagem. As estradas são de terra, meio esburacadas, rodeiam montanhas, passando por pequenas vilas e muitos penhascos. Ignore o perigo, relaxe e lembre-se: Bolívia é para os fortes! 

Ficamos no Hostel Vodkal, em frente à praça principal. O quarto tem cama de casal, TV, banheiro privativo e é bem mais aconchegante do que o outro que vimos em Santa Cruz (e ainda tem água quente). O preço ficou em 90 bolivianos.
Lavanderia do Hospital Señor de Malta

Visite o museu da Casa de Cultura. Tem uma parte destinada à Arqueologia, mas o que mais chama a atenção é a área em homenagem ao guerrilheiro Che Guevara. O local abre às 10h e reúne muitas fotos e objetos da época. Provavelmente, você vai conhecer o guia Gonzalo. Ele nos levou até o mausoléu de Che e seus companheiros e também à lavanderia do hospital Señor de Malta, onde os corpos deles foram expostos à comunidade pelos militares (naquela foto clássica). Saiu tudo por um preço de 80 bolivianos para nós dois.

Depois disso, dei início a um dos pontos altos dessa empreitada. Separei um tempo para conversar com Susana Osinaga, a enfermeira responsável por receber o corpo de Che ao chegar em Vallegrande. Ela tem uma pequena mercearia a poucos metros do hospital em que trabalhava. É uma senhora de quase oitenta anos e, apesar de estar com a saúde bem debilitada, ela lembra com detalhes de como tudo aconteceu.
Susana Osinaga

Fiquei muito tocada com os relatos. É simplesmente um dos capítulos mais importantes da história latinoamericana passando bem debaixo do nosso nariz. Todos que viveram ali no fim dos anos 1960 têm lembranças muito fortes da época e fazem questão de dividir isso com os visitantes. Só para explicar: Che foi capturado e morto em La Higuera (da qual vou falar mais tarde). Depois, os militares levaram-no para Vallegrande, onde ficou enterrado, em segredo, durante 30 anos até ser encontrado por um grupo de pesquisadores cubanos. Essa cidade foi, sem dúvida, uma das partes mais interessantes da viagem.

Almoçamos em um restaurante chinês em frente à praça 26 de enero (prato básico: 15 bolivianos) e a janta
Mausoléu
foi na lanchonete "Las Colinas", também lá perto. Serve pizzas e hambúrgueres e o preço ficou em 63 bolivianos para duas pessoas. Detalhe importante:  é bem limpinha.

Se for seguir para La Higuera, sugiro contratar os serviços do motorista e guia Santos Aguilar (contato: 7366-5987). É uma figura incrível: o tipo de gente que vale a pena conhecer. Muito simpático, fala pelos cotovelos e é um aficionado pela história de Che. Encontramos com ele, por acaso, na rua Señor de Malta, onde ficam estacionados os caminhões que fazem esse trajeto. Ele tem um táxi e vai parando no caminho para explicar cada detalhe. Dica para enfrentar a viagem: leve comida e água. Provavelmente, não terá nenhum restaurante ou mercado na estrada. Mas não coma muito. O chacoalhar do carro nos buracos pode te deixar enjoado(a).

Algo que partiu meu coração foi ter ido a Vallegrande em setembro e não em outubro, quando geralmente tem uma extensa programação em homenagem ao Che. E, a cada dez anos, tem um encontro mundial 
(o próximo será em 2017), com cinco dias de atividades, que reúne estudiosos e autoridades para discutir o legado dele. Quem sabe eu volte lá daqui a uns anos? Talvez...

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